(...) Sem dúvida, a trajetória da Defensoria Pública no Brasil expressa uma história magnífica. A instituição foi programada inicialmente para uma atuação individual e adstrita à pobreza econômica, desprovida de ferramentas para combater as estruturas que alimentam as enormes injustiças existentes em nosso país. Sobretudo nos últimos 15 anos, porém, uma nova Defensoria pediu passagem (sendo esse exatamente o título de obra coordenada por José Augusto em 2011, e que inspira, também, o título da presente coletânea). Novos papeis e funções foram reconhecidos como inerentes à missão constitucional da instituição, a exemplo da intervenção custos vulnerabilis (figura concebida por Maurilio). No período da pandemia do coronavírus (quando Rodrigo dirigia a Defensoria Pública fluminense, a mais antiga do país), ficou patente, de uma vez por todas, que o processo evolutivo da instituição a transformara em essencial ? substancialmente ? não só para o sistema de justiça, mas também para a própria democracia pátria.
Essa relevância cada vez mais acentuada exige, simetricamente, o aprofundamento das reflexões sobre os caminhos e lutas da instituição, o que passa, inevitavelmente, pela investigação histórica. De fato, quanto mais se destaca a Defensoria no cenário nacional, maior a necessidade de estudar, sob os mais variados ângulos, a história da instituição.
Nada melhor, então, do que celebrar 70 anos tão especiais com uma obra voltada para a história da Defensoria Pública no Brasil, consideradas as suas implicações jurídicas, sociais e políticas. É justamente esse o propósito da presente coletânea ? a primeira, pelo que se sabe, focada exclusivamente na história institucional. (...)
(Trecho extraído da "Nota dos organizadores")