O ser humano no decorrer de sua história interfere em seu corpo de diversas maneiras e acompanhado intrinsecamente de múltiplas justificativas. Seja como rito de passagem, como forma de expressar sua religião, penitência para purificação da alma, punição, privação, como forma de se expressar artisticamente ou por motivos puramente estéticos. Na história humana o corpo sempre sofreu alguma espécie de manipulação. Partindo do pressuposto de que toda cultura é construída, podemos dizer que o corpo assim também o é, e dentro dessa perspectiva, ele é uma construção que varia de acordo com o tempo e espaço em que está inserido. O respectivo trabalho de pesquisa buscou compreender historicamente a “construção” do corpo através das modificações corporais – tatuagem, piercing, escarificação, implante, dentre outras técnicas - na sociedade brasileira. Focando as décadas de 80 e 90, principalmente na cidade de São Paulo, que serviu como berço para o desenvolvimento, consolidação e propagação de tais práticas. Este trabalho tem como objetivo entender como e quando a tatuagem, o piercing, a escarificação, dentre outras manipulações do corpo, “retornam” à nossa sociedade e o impacto causado por elas. Corpos que antes habitavam o espaço das sociedades tradicionais ou o mundo da ficção científica, sem nos esquecermos do universo onírico, hoje coexistem com a grande massa populacional. Chifres, escamas, línguas bipartidas, aço e ossos e todo esse quimerismo possibilitado por essas práticas é o que constitui os sujeitos que compõem o tema aqui pesquisado e são essas pessoas que estão em plena atividade endossando a construção dessa história no Brasil. V