ARES BRINCANTES

O ar está em todo lugar, é uma mistura de gases, vapor de água e partículas suspensas que compõe a atmosfera da Terra, sendo fundamental para a vida no planeta. Essencial, é um reservatório de elementos indispensáveis, neste caso, para a respiração do poeta e para a fotossíntese deste (ou destes) poema(s). Ao percorremos cada uma das suas vias, somos convidados a nos deslocar por sensações surgidas de forma metonímica, breve, ainda que não haja uma retórica fácil de sentimentalismos, ao contrário, o que temos aqui são flashes a emoldurarem tempos, acontecimentos tornados poesia da mais alta qualidade pela pulsação da vida, levada pelos ventos, pelos ares brincantes, soprando com um lirismo ímpar, com potencial de linguagem, da escolha perfeita de palavras que desembocam em um exercício reflexivo lúcido e lúdico ao mesmo tempo. Não há divisas ou barreiras que estes ares não possam romper, são textos que se expandem, se alargam, em um discurso que nos conduz por mundos e pensamentos, indiscernível pelos não ditos, ao mesmo tempo em que as palavras se mexem, se contorcem e voam com os ventos da abstração. Aos poucos o memorial e a vasta bagagem cultural do poeta sopram em nossos ouvidos, ao natural, brincantes, estes ares nos contaminam de uma poesia vigorosa, sublime, cheia de vida, simples – mas nunca simplória – onde a técnica está presente o tempo todo, desde a primeira até a última linha, mas em nenhum momento se deixa contaminar por afetações. Caros leitores, estamos diante de um livro de poemas fabuloso, como poucos nestes tempos atuais.