Todas as avaliações oficiais (IDEB, ANA, INAF e, sobretudo, PISA) atestam a incapacidade do ensino brasileiro de garantir os níveis de proficiência em leitura e escrita esperados para cada faixa etária. Ano após ano, os estudantes progridem na escolarização sem saber ler e escrever de modo eficaz, pois o ensino tornou-se incapaz de promover tais habilidades. Como a educação brasileira se tornou um antiensino e formadora de analfabetos funcionais? É o resultado de como os alunos são alfabetizados e da abordagem usada no ensino da língua portuguesa, que deixam de ensinar explicitamente as relações entre fala e escrita. Ao combater a apresentação estruturada do sistema de escrita, subentendendo que cada aluno era capaz por si só de construir o seu conhecimento, o movimento construtivista comprometeu o percurso de qualificação do ensino, em geral, e de alfabetização, em particular.
Diante dos péssimos resultados e da organização altamente contraprodutiva dos currículos e materiais didáticos, a autora de A falácia socioconstrutivista busca renovar a discussão sobre linguagem e cognição com as recentes descobertas das ciências cognitivas. Contra o antiensino da língua portuguesa não é um livro de polêmica ou um manual de gramática, mas busca apresentar um horizonte teórico-científico como fundamento para uma nova concepção de ensino da língua, abordagem esta baseada no pressuposto de que a forma é tão importante quanto os sentidos veiculados pela linguagem.