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    OS INFORTÚNIOS DA VIRTUDE

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    Sinopse

    Em 1787, às vésperas da Revolução Francesa, Sade, sofrendo de uma infecção nos olhos, escreve em apenas duas semanas Os infortúnios da virtude, obra inaugural da grande saga das irmãs Justine e Juliette, a heroína virtuosa e a libertina perversa, uma trilhando as veredas do bem, a outra as do vício e da crueldade, enfim, as personagens-síntese da simetria perfeita do sistema sadiano.

     

    Uma não existe sem a outra, assim como um libertino não faz sentido neste universo radical e assustador sem a vítima que lhe serve de objeto de deboche e contraponto tipológico no exercício da perversidade. Justine e Juliette representam os dois extremos complementares dessa narrativa dialógica na qual os poderes do vício triunfam e as fraquezas da virtude sucumbem inexoravelmente, como se a natureza, a grande-Mãe, inspirasse toda a narrativa, de forma retumbante, arrebatando das mãos os raios da Divina Providência para atirá-los contra os pobres infortunados. Eis a tônica: todo virtuoso é infeliz.

     

    Assim, a pobre heroína peregrina pela França, de cantão em cantão, sem renunciar a sua fé,sem descrer nos poderes absolutos e salvadores da religião, seus asseclas e santos. Ela cai e se levanta, inabalável, a cada ultraje, a cada infâmia, encarnando a última das heroínas virtuosas. Justine, dir-se-ia, só existe para ser aviltada, molestada, profanada. Por isso tem “vida longa”, por isso resiste, resiste... eterna sobrevivente dos dispositivos de destruição da literatura sadiana. No entanto, são esses “tropeços”, essas “ciladas”, cartas marcadas de uma estratégia romanesca originalíssima: há que se importunar e espezinhar a virtude, pois, caso ela triunfe sempre, o romance perde o interesse.

     

    A vida tem de ser mostrada como ela é: dura e cruel. A tese que Sade sustenta é que a virtude exprime melhor seu sentido se for “atormentada pelo vício”. No entanto, tal subterfúgio serve de tacape para uma empreitada maior: a paródia do gênero sentimental que faz detonar os poderes da corrupção e do vício, os únicos que, segundo seu autor, estão de acordo com as “verdadeiras intenções da natureza”. Nessa medida (ou desmedida), Justine pode ser considerada a última das heroínas virtuosas do século XVIII, que, com efeito, decreta a morte do gênero sentimental, tão difundido nesta época por autores como Richardson, Prévost e Rousseau. Sade escreve à contracorrente ou à contraluz desses autores, atirando no fundo do poço e sepultando de vez as esperanças do homem no homem.

     


    Contador Borges

    Ficha Técnica

    Especificações

    ISBN9788573212587
    Tradutor para link
    Pré vendaNão
    Biografia do autorDonatien Alphonse François de Sade, o Marquês de Sade (Paris, 2 de junho de 1740 – Saint-Maurice, 2 de dezembro de 1814) foi um nobre, político revolucionário, filósofo e escritor francês famoso por sua sexualidade libertina. Suas obras incluem romances, contos, peças de teatro, diálogos e tratados políticos. Durante sua vida, alguns deles foram publicados em seu próprio nome, enquanto outros, que Sade negou ter escrito, apareceram anonimamente. Ele é mais conhecido por suas obras eróticas, que combinavam discurso filosófico com pornografia, retratando fantasias sexuais com ênfase na violência, sofrimento, sexo anal (que ele chama de sodomia), crime e blasfêmia (contra o Cristianismo). Ele era um defensor da liberdade absoluta, sem restrições de moralidade, religião ou lei. As palavras sadismo e sádico são derivadas em referência às obras de ficção que ele escreveu, que retratavam vários atos de crueldade sexual. Enquanto Sade explorava mentalmente uma ampla gama de desvios sexuais, seu comportamento conhecido inclui "apenas o espancamento de uma empregada doméstica e uma orgia com várias prostitutas — comportamento que diverge significativamente da definição clínica de sadismo".[1][2] Sade era um defensor de bordéis públicos gratuitos fornecidos pelo Estado: a fim de evitar crimes na sociedade que são motivados pela luxúria e para reduzir o desejo de oprimir outros usando seu próprio poder, Sade recomendava bordéis públicos onde as pessoas poderiam satisfazer seus desejos.
    Peso227g
    Autor para link
    Livro disponível - pronta entregaSim
    Dimensões21 x 14 x 1.1
    IdiomaPortuguês
    Tipo itemLivro Nacional
    Número de páginas192
    Número da edição1ª EDIÇÃO - 2009
    Código Interno571399
    Código de barras9788573212587
    AcabamentoBROCHURA
    AutorSADE, MARQUES DE
    EditoraILUMINURAS
    Sob encomendaNão
    TradutorPACIORNIK, CELSO MAURO

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