Em seu novo livro, Tatiana Nascimento apresenta uma série de notas fulminantes para o apocalipse. Em cada uma delas, compõe-se um quadro político para o amor nos dias de hoje. As notas recriam, em escrita cantada, a destruição do mundo intolerante e persecutório que dá origem às coisas e as regula, regulamenta. Eis que aqui estamos: o mundo acaba. As notas são memória e presença das gerações das populações negras da diáspora – rumando ao futuro, atravessando para além. Este é um amor que ruma, luta e liberta. Na orelha do livro, o poema “de(s)feituras” é um anteparo ao que segue: amor y política ganham matéria textual, colocam-se e mostram as marcas, irrompem a planície do poder constituído – “cishtnormativo” –, para contar de novo uma história. Contar outra história de duas mulheres perdidamente apaixonadas, do quão especial é o carinho, viver e estar em pleno “cuíer paradiso”, deixar-se mover por um amor rijo, permanente, imperativo, em batalha, “cuíerlombista”. Tatiana Nascimento é doutora em Estudos da Tradução (UFSC) e este é seu quarto livro de poesia. Vive no Distrito Federal.