O livro começa com um trabalho de Antonio Carlos Olivieri, que nos apresenta um enredo inesperado: em vez de celebrar o futebol - como a maioria dos brasileiros - o personagem central odeia futebol, e, como se não bastasse, ainda comete a injúria de torcer pela Argentina. Já Daniel Piza, na seqüência, narra o terrível duelo entreum zagueiro e um centro-avante. Em 'A última pelada de Mané', o paranaense Domingos Pelegrini presta seu tributo ao inesquecível Mané Garrincha. Um clássico, da categoria de um Fla-Flu, de um Corinthians e Palmeiras e de tantos outros jogos disputados entre times importantes de cada região: assim pode ser definido 'Almas da galera', texto poético de João Antonio. E se a torcida é a alma que anima esse corpo chamado futebol, Lourenço Cazarré não deixa por menos e investiga a reverência de um torcedor ao seu ídolo em 'Homem vestido de negro'. Driblar a dor do desgosto provocado pela atitude incorreta de um filho é o que busca o goleiro que protagoniza o conto 'Sem defesa', de Luiz Galdino. Já a Copa de 70 - ganha pelo Brasil num período danado da nossa História recente, quando os militares mandavam em tudo - é tema de outros contos: o santista roxo José Roberto Torero. E é também a Copa de 70, o motivo da briga entre sogro e genro em 'Família, futebol e regatas', conto de Ricardo Soares. E como campo de várzea não poderia faltar de jeito nenhum nesta antologia, Miguel Sanches Neto nos agracia com seu 'Jogando com os mortos', conto sensível, onde o humor também comparece, narrando as aventuras de uns garotos pobres para montar o seu time e competir com os bacanas. Para treinar, nada melhor do que o terreno situado atrás do cemitério. Emoção não falta no conto, 'A irmã do Biba' de Wladir Nader, em que o 'grande' futebol vira a miniatura do futebol de botão e, nesse mundo pequenino, fala de sentimentos, desejos e frustrações que povoam a mente de um garoto.