Em meio a uma realidade desumanizante e excludente, em que muitos não têm o mínimo para a viver com dignidade, e que práticas discriminatórias são recorrentes, a Educação em Direitos Humanos (EDH) apresentase como uma mensagem de esperança, um instrumento para combater e prevenir violações. No entanto, não é qualquer EDH que tem potencial transformador, tendo em vista que esta pode, paradoxalmente, ser tanto mantenedora do status quo quanto um caminho em prol dos direitos humanos. Este livro endereça o aspecto fundacional da EDH, ou seja, propõe o alicerce necessário para que a EDH cumpra a missão de endereçar injustiças sociais e dar voz aos silenciados, baseando-se em três vigas mestras 1) uma visão crítica dos direitos humanos, 2) a ambiência democrática de John Dewey, Christopher Ansell e Charles Sabel e 3) a pedagogia crítica de Paulo Freire. Inicialmente, promove-se uma reflexão crítica sobre os direitos humanos, oferecendo-se um panorama das críticas e das principais escolas de direitos humanos. Em seguida, mergulha-se no pragmatismo de Dewey que defende democracia enquanto modo de vida em comunidade, bem como no experimentalismo democrático (ED), expressão de tal pragmatismo na atualidade. O ED propõe que as práticas humanas sejam consideradas como experimentos estruturados que, por meio de cautelosa observação e análise de resultados, vão guiar aprimoramentos nas experiências subsequentes. Nesse sentido, a EDH deve ter como finalidade não apenas educar em direitos humanos, mas também refletir como tornar a experiência educacional cada vez mais eficiente, aprendendo-se tanto com êxitos quanto com insucessos. Na sequência, aborda-se a pedagogia crítica de Paulo Freire, que propõe a educação como um processo humano, dialógico, que busca a construção do pensamento crítico e da liberdade e, partir da obra freireana, propõe 11 princípios para a EDH. Assim, ousa-se acreditar que este livro esboça um sistema apto a ser a fundação para qualquer processo de EDH.