Este livro conta a história da mais violenta e esquecida guerra urbana do país.
Em São Paulo, 5 de julho de 1924, explodiu uma revolução. Oficiais do Exército, Marinha e Força Pública queriam implantar uma ditadura, fazer reformas e acabar com a corrupção. Era a segunda intentona dos tenentes rebeldes. Dois anos antes, no mesmo dia 5 de julho, rebelaram-se no Forte de Copacabana, mas o levante foi rapidamente sufocado. Desta vez, combates cruentos se prolongaram por 23 dias, gerando mais de mil mortes e incontáveis feridos.
Centenas de corpos foram enterrados em quintais, jardins e matas da periferia. Grande parte dos 700 mil habitantes da cidade fugiu para cidades vizinhas. A metade deles eram imigrantes vivendo nos bairros operários, alvos de canhoneio legalista.
Os quartéis foram facilmente dominados pelos rebeldes. Uma dura reação legalista veio com 15 mil homens. Os amotinados contavam com apenas três mil soldados. Estrangeiros foram atraídos para lutar. Novecentos Italianos, alemães e húngaros, entre eles, anarquistas e comunistas, se alistaram como mercenários em troca de soldo, comida e terras.
A revolta teve personagens como o tenente João Cabanas, que seria uma celebridade hoje. Executor de saqueadores, Cabanas comandava a Coluna da Morte. Ou como Anésia Pinheiro Machado, primeira aviadora brasileira, que montou, com Eduardo Gomes, uma esquadrilha para bombardear o Palácio do Catete, no Rio. O aparelho caiu no meio da viagem. Faltou água no radiador.