Todo trabalho de pesquisa encaminhado à publicação já é um discurso aberto na medida em que atinge sua audiência para expandir o conhecimento produzido e enriquecer a semiosfera do nosso planeta, aberta a um espaço cósmico mais amplo. Ao mesmo tempo, está sempre pronto para voltar ao seu berço quando o momento parecer adequado. As ideias de Michel Foucault estão entre aquelas que voltam a ser relidas por novas gerações de pesquisadores que participam no processo de reexame da história das humanidades e das ciências sociais para, com isso, modelar novas teorias sobre os comportamentos mentais e comunicativos, assim como reformular as teorias existentes para mantê-las responsivas às experiências humanas atuais. Esta monografia escrita por Estêvão Freixo explora as ideias introduzidas em duas obras de Foucault: A Arqueologia do Saber (1969), e A Ordem do Discurso (1971), cada uma delas como se ecoasse a outra à época de sua produção. Como o autor da monografia (Estêvão Freixo) aceita com certa surpresa, o próprio processo de escrita sobre Foucault lhe trouxe uma perspectiva bastante diferente (do que ele tinha antes) para a leitura de outros teóricos nas áreas do discurso, da comunicação e da ação social, especialmente Bachelard, Marx, Bakhtin e Braudel. De fato, tal reação parece natural, já que a escrita de Foucault inscreve os ambientes intelectual, filosófico e epistemológico que são o espírito de uma época de intelectuais abertos a uma nova forma de pensamento – interdisciplinar, dialógica e multidimensional. Eu definitivamente recomendo a leitura desta monografia, que representa o autor de uma nova geração de pesquisadores, para que, junto dele, possam experimentar esse espírito de reformulação, que é também o espírito de renovação das experiências intelectuais. Irina Oukhvanova, fundadora, coeditora e coautora da série científica “Discourse Linguistics and Beyond”