Deserto do Atacama, Chile. Primeiras décadas do século XX. O andarilho Domingo Zárate Vega começa a descobrir formas apocalípticas nas nuvens e a acertar na previsão de pequenos desastres. Depois da morte de sua mãe, decide viver como um ermitão no árido vale de Elqui, onde acaba se dando conta de que ele nada mais é do que a reencarnação de Jesus Cristo. Ao saber da existência de uma prostituta que venera a Virgem do Carmo e, além disso, se chama Magalena, ele sai em sua procura com o propósito de fazê-la sua discípula e amante, para juntos divulgarem o fim do mundo. Vencedor, na Espanha, do Prêmio Alfaguara de melhor romance, A arte da ressurreição coloca Rivera Letelier entre os grandes autores latino-americanos da atualidade. Para o júri do Prêmio Alfaguara, o reconhecimento ao escritor chileno veio do "fôlego e vigor narrativo do romance, assim como a criação de uma geografia pessoal por meio do humor, do surrealismo e da tragédia, (...) que muitas vezes evoca os grandes nomes da literatura mundial, como García Márquez". O próprio autor se define como "um contador de histórias, muito diferente de um intelectual". E é nessa condição que ele narra a história de um personagem verídico, o pregador Domingo Zárate Vega, mais conhecido como o Cristo de Elqui. Letelier resgata suas andanças pelo deserto do Atacama, o mais árido do mundo, destacando com fino humor sua estranha jornada e as pessoas que encontra pelo caminho: de senhorinhas devotas, que querem "aprender a arrepender-se" de seus pecados, à prostituta Magalena Mercado, que atende aos clientes diante da imagem da Virgem, mas sempre tem o cuidado de cobri-la. A partir de um exaustivo trabalho de pesquisa, no qual entrevistou pessoas que conheceram o personagem, que pregou por 22 anos no deserto, Rivera Letelier entrelaça diferentes histórias, juntando-as às lendas que ouviu nos canteiros de salitre quando era menino, para criar uma obra única.