Em uma pequena roça no Sul do país, a vida segue o seu curso. O cultivo do tabaco dá sustento a Guerlinda, Carlos e seus filhos, que dia após dia enfrentam as oscilações da natureza, esguichando venenos e adubando as vergas para que as folhas cresçam e atinjam a qualidade ideal.
Na angústia da espera — e em meio a investidas das poderosas empresas que dominam o mercado fumicultor —, ainda é preciso decifrar os códigos da infância e da adolescência e aprender a complexa linguagem do amor. Alice, a filha mais velha, deseja participar do tradicional concurso de beleza Musa do Sol, e sua resistência ao trabalho inflama a difícil relação com a mãe; Maria é a irmã do meio e a única que frequenta a escola, porém vive em um mundo à parte; e Pedrinho, com seus quase três anos, ainda não conseguiu falar, mas já participa da rotina nas plantações entre as densas nuvens de agrotóxico, que em tudo se infiltra.
Quando chega a época da colheita, os dias se transformam e a família recebe ajuda da mãe de Guerlinda, Elvira, que mesmo com seus estímulos e sua peculiar ternura parece incapaz de emendar a casa tomada por silêncios incômodos e perdas iminentes.
Neste romance, Carrara joga com as formas narrativas e constrói o enredo a partir da visão de objetos que rodeiam a casa: o espelho lusitano, na sala; a roupa de proteção, que acompanha os filhos na lida com os defensivos agrícolas; a velha caminhonete Rural da família; e a árvore que observa tudo do alto, no quintal em frente à propriedade. Com uma prosa a um só tempo corrosiva e calorosa, que destila um humanismo inabalável, A árvore mais sozinha do mundo é o retrato de um país que encobre — de norte a sul — as suas mazelas mais profundas.