Este pequeno livro é uma jóia. A sua edição em Espanha alcançou um sucesso enorme, sendo considerado uma das surpresas do ano. O segredo talvez esteja no facto de Pablo d’Ors, o seu autor, não nos apresentar uma teoria, mas sim a sua experiência pessoal com os espaços de silêncio, propícios a um encontro consigo mesmo. Num mundo tão acelerado e ruidoso essa escolha pode parecer um dispêndio inútil, e à sua maneira é. Mas há "tempos inúteis" que são portas abertas para o desfrute gratuito e reconciliador, para o mergulho nas profundezas, para a reaprendizagem da arte de existir. «Estou convencido de que fui eu que configurei esta caminhada espiritual que tenciono explicar nestas páginas. Não quero dizer que não tenha sido orientado por leituras luminosas nem que não tenha recebido conselhos pertinentes de alguns mestres de meditação. Contudo, tenho a impressão de que fui eu e só eu quem caminhou, guiado pelo meu mestre interior, até onde agora me encontro. É verdade que, a princípio, tudo me parecia mais importante do que meditar; mas chegou o momento em que sentar-me e não fazer outra coisa além de estar em contacto comigo mesmo, estar presente a mim próprio, me parecia o mais importante. A meditação concentra-nos, devolve-nos a casa, ensina-nos a conviver com o nosso ser. Sem essa convivência connosco mesmos parece-me difícil, para não dizer impossível, uma vida que se possa qualificar de humana e digna.» O leitor que pegar neste livro vai querer tê-lo consigo sempre.