A Carne e a Escrita é o sétimo livro publicado por Roberto B. Graña em quatorze anos. A média de um livro a cada dois anos reflete sua produção intelectual intensa e regular. Diversos são os temas dos quais o autor já se ocupou. Iniciou sua pesquisa na década de 1980 com o estudo da obra de Winnicott e por mais de vinte anos não cessou de interrogar esse autor sobre os primas teórico, clínico e epistemológico e de publicar ensaios e livros documentando as transformações ocorridas na técnica psicanalítica desde então. Paralelamente, estudou a psicopatologia e a clínica psicanalítica de crianças e adolescentes, em especial os estados fronteiriços na adolescência e os distúrbios da identidade sexual em crianças. Na última década, seu interesse estendeu-se à obra de Jacques Lacan e à investigação das bases filosóficas do pensamento psicanalítico contemporâneo. Este volume reproduz, quase integralmente, sua tese de doutorado em Letras, aprovada com louvor. Nele o leitor encontrará, talvez, o mais complexo e bem escrito dos livros do autor. Transitando pela filosofia, pela crítica literária e pela psicanálise, Graña submete a um estudo minucioso as inter-relações entre a pessoa e a obra de Graciliano Ramos, examinando com agudeza o que denomina interpenetrações vivência-texto no ato da criação. Retomando alguns pressupostos da crítica biográfica e da crítica psicanalítica, ele critica, de outra parte, a psicanálise aplicada, que tende freqüentemente a abordar qualquer texto literário como um relato confessional do escritor.