O ódio sempre foi utilizado com estratégia para gerar medo e provocar reações extremas em diversos momentos da história da humanidade. Estamos passando, em várias partes do mundo, novamente por uma onda de discursos agressivos que reacendem crenças e valores autoritários e que provocam atitudes e comportamentos violentos. Neste cenário ressurgem inimigos simbólicos, tanto no espectro da política em geral, como a “ameaça” comunista, que nunca existiu na prática, ou realimentando velhas pautas morais que buscam reprimir avanços da sociedade nas últimas décadas. O discurso de ódio é amplificado na nova arena política e eleitoral, através das redes sociais, especialmente formando “bolhas” entre aqueles que são estimulados por líderes autoritários que não apresentam propostas para os reais problemas da sociedade, utilizando estratégias que dissimulam as verdadeiras pautas socioeconômicas, que são efetivamente os principais problemas que o campo político precisa enfrentar. É óbvio que o discurso de ódio provoca danos à política, incentivando atitudes e comportamentos que rejeitam os pilares democráticos, causando danos quase irreversíveis e tensões permanentes na sociedade, disfarçada de uma falsa polarização. Contudo, estamos diante de um paradoxo: a cultura do ódio, estruturada em comportamentos totalitários e violentos, somente prospera em ambientes democráticos, mesmo que provoque grandes danos e contribua para a manutenção de uma crise constante. A consolidação de uma cultura do ódio coloca permanentemente a democracia sob risco, mesmo dependendo dela para se manter e retroalimentar. Por isto, nossa tarefa cotidiana é combater o discurso de ódio em todos os espaços em que atuamos.