A construção histórica do conceito de metabolismo e a agroecologia, de Roseli Salete Caldart, traz uma síntese densa de um processo coletivo de quatro décadas do MST que relaciona a luta pela Reforma Agrária Popular a uma matriz de formação científica, cultural e política de um ser humano que se põe na tarefa de superar as relações sociais de produção capitalistas, cada vez mais destruidoras de todas as formas de vida.
Ao historicizar esse conceito, a autora o evidencia como uma chave potente para apreensão dos fundamentos da produção agroecológica a qual se constitui no gérmen que busca reconectar os seres humanos, mediados pelo trabalho socialmente produtivo, com a natureza e consigo mesmos.
O livro nos permite entender como o conceito de metabolismo deu a Karl Marx a base material para nos legar uma dupla crítica: à economia política que mascara e sustenta as relações sociais de produção capitalistas que efetivam a desconexão entre a natureza e o ser humano pelo trabalho alienado; e, consequentemente, a crítica à cisão historicamente produzida pelo sistema capitalista na unidade diversa entre as Ciências Naturais e Sociais.
Trata-se de uma referência científica, política e cultural na formação humana das novas gerações, mormente da juventude oriunda da classe trabalhadora, do campo e da cidade, para que entenda, como destaca o historiador Eric Hobsbawm, que as pessoas não foram feitas para viver sob o capitalismo e, por isso, o socialismo continua na agenda de luta por sua superação.