Em 1624, o rei da Espanha e Portugal, Filipe II, perguntou a Dom Fadrique de Toledo Osório, comandante da esquadra luso-espanhola que acabara de libertar Salvador dos holandeses, o que tinha achado do Brasil. A impressão do fidalgo foi clara: “No Brasil, até os céus mentem”. Essa história, que se tornou proverbial na época, é uma amostra do que este livro descortina para o entendimento do Brasil de ontem e do país de hoje. De forma surpreendente, A Criação do Brasil traz à luz tanto o contexto histórico e social quanto os mais ricos detalhes da aventura dos primeiros colonizadores - a verdadeira gênese do país e da sociedade brasileira. O século XVII sempre foi um pedaço obscuro da história do Brasil, em grande parte porque por 60 anos Portugal pertenceu à Espanha - dado que preferiram esquecer os portugueses, por terem sido dominados, e os espanhóis, por terem perdido Portugal. Nele, porém, começa a arrancada brasileira, aqui narrada com realismo inédito, sem receio de por vezes descontruir a imagem dos heróis da Nação, geralmente edulcorada nas obras oficiais. A Criação do Brasil mostra como a colônia brasileira foi consolidada no seu grande território continental, ao longo de um século de lutas, guerras e conflitos religiosos e políticos. Resgata personagens tão esquecidos quanto fundamentais na história brasileira. Sobretudo, apresenta como, após ver a passagem de tantos dominadores imperialistas, fossem portugueses, holandeses, franceses ou espanhóis, surgiu no Brasil uma sociedade autóctone, com interesses próprios, e um caráter que, conforme salienta o autor, foi a “fonte dos nossos mais monstruosos males, como das nossas incomparáveis virtudes”.