“E toda a Criação, em sua riqueza, na terra e no mar, estava pronta; mas aquele para quem ela fora feita ainda não estava lá.”
Na história do cristianismo, São Gregório de Nissa foi o primeiro a perguntar: o que é o homem? Qual é a razão de ser do homem cristão? Sua resposta é uma reflexão, a partir da perspectiva do incrédulo, sobre o livro do Gênesis. Desejando completar as Homilias sobre o Hexaemeron de seu irmão Basílio, Gregório escreve o primeiro tratado consagrado por um pensador cristão ao problema antropológico, apresentando o homem como o ápice e a glória suprema da Criação. Ele se aprofunda nas palavras “Feito à imagem e semelhança de Deus” para decifrar o mistério que pode explicar todas as aspirações do homem. Em última análise, o que define a grandeza deste é ter sido criado à imagem de Deus. Gregório descreve, então, em que consiste essa semelhança, e propõe uma explicação teológica para o mal, a Queda e a redenção universal, combatendo a tese da pré-existência das almas e da reencarnação. O tratado termina com uma teoria médica que descreve os vários órgãos do corpo e seus papéis no organismo, a partir da qual se conclui que a alma é de fato criada ao mesmo tempo que o corpo, ambos prometidos para a ressurreição.