"Paul Hazard analisa nesta obra os anos que precedem o Iluminismo e que marcam uma transição na história das ideias: de uma obediência à autoridade institucional e de uma crença dogmática, transita-se para o racionalismo, o questionamento e a liberdade individual. Se a transição é descrita como uma «crise», tal não é para menos, visto que está em causa a rejeição de valores como a tradição, a estabilidade, a convenção e um confronto com a abertura intelectual trazida pelo desenvolvimento da ciência e do método científico. John Locke, Pierre Bayle, Espinosa e Richard Simon são alguns dos pioneiros nesta ruptura com a ordem instituída. O próprio Hazard é pioneiro no seu campo, o da literatura comparada, método que usa para descrever o antagonismo entre teorias e ideias filosóficas, e a diferença que se operou no comportamento humano. Originalmente publicado em 1935, este livro resultou de trinta anos de trabalhos monográficos e contacto directo com as investigações histórico-literárias francesas, inglesas, italianas, alemãs, espanholas, portuguesas, norte-americanas e brasileiras. É importante trazê-lo de novo ao contacto do público português e, assim, recupera-se a edição portuguesa de 1948, há muito esgotada, com tradução e notas do professor e crítico Óscar Lopes. "