Em A educação vitoriana sob a ótica de Charles Dickens, Roberta Santurio investiga a visão crítica de Charles Dickens sobre o tema “educação” tal como representada em seus célebres romances Oliver Twist (1838) e Hard Times (1854). A descrição da experiência vitoriana de “educação”, que encontra uma forte crítica na obra de Dickens, permite um vislumbre de problemas ainda existentes, entre os quais as relações entre educação e sensibilidade, educação e autoritarismo e educação e liberdade. Ao lermos essas narrativas e observarmos os personagens infantis e os representantes da educação, fica evidente o ideal pedagógico de Dickens, que contempla o desenvolvimento amplo dos indivíduos por meio de métodos democráticos de ensino, concebidos não como uma forma de governo, mas como uma filosofia educacional que contempla tanto o corpo quanto a mente. Assim, na visão dickensiana, a educação abrangente, que tem como objetivo principal o aperfeiçoamento do caráter dos sujeitos, é o caminho para uma harmonia social. No entanto, a análise revela que Oliver Twist, um dos primeiros romances do autor, configura-se pelo alto nível de idealização e está assentado em valores essencialmente cristãos. Já Hard Times é incisivo em sua crítica à doutrina utilitarista e ensaia um movimento de ação social. Ainda assim, apesar das diferenças no tom das narrativas, ambas advogam pelo equilíbrio individual e social, mostrando um autor com princípios gregários.