Obcecados pela idéia da carreira do filho, inflamados pela sede de vê-los chegar ao fim, não têm nem mesmo tempo para pensar sobre o terrível problema da sorte da fé na alma de seus filhos. Por mais alto que o filho se coloque na escala das posições sociais (e sem dúvida que a pressa não favorece tais ascensões; mas vá!), mais valeria que ele não tivesse nunca nascido se tiver que perder para sempre a fé. E perdê-la por um tempo, para tornar a encontrá-la depois, ao preço de angústias e possivelmente ainda de cruéis provações, é uma aventura em que o próprio bom senso teria vergonha de se lançar. Dir-se-á que a fé de um piedoso adolescente de quinze anos, de dezesseis anos, não corre risco algum embarcando para essa viagem dos estudos superiores e das tentações da juventude?Uma tal segurança seria mais do que presunçosa; não há bravata mais tola do que essa; uma tal opinião não traz nem mesmo a convicção de quem a emite. A filosofia, pois, é um desses pontos críticos entre a docilidade da adolescência e a indocilidade da juventude, onde a alma e Deus se encontram num diálogo capital para a salvação. Com uma consciência mais clara e mais firme, com uma personalidade mais marcada, trata-se para o moço de passar de uma região de família e de raça, herdada com o sangue, a um cristianismo voluntário e pessoal, antes que as inundações torrenciais do erro e do vício tenham subido ao assalto dos diques efêmeros, erguidos para a primeira etapa da educação. É o instante oportuno que não se deve perder: Ecce tempus acceptabile.