A ética protestante e o "espírito" do capitalismo, ensaio clássico de Max Weber (1864-1920) sobre a ética puritana e a cultura capitalista moderna, foi publicado nos anos de 1904 e 1905, na revista alemã Archiv für Sozialwissenschaft. Uma segunda versão apareceria em 1920, ampliada e revista pelo próprio autor, que adicionou passagens ao ensaio, aprimorou conceitos e formulou outros - como os de desencantamento do mundo e ação racional -, fez ajustes terminológicos e incluiu numerosas notas de rodapé.
Esta edição reúne num só texto as duas versões do livro de Weber: o ensaio original de 1904 e os acréscimos de 1920. A identidade dos dois textos é preservada: as passagens da segunda versão são destacadas entre colchetes, permitindo uma nova leitura àqueles que já conhecem o estudo e uma leitura completa aos que têm o primeiro contato com ele. A nova tradução (feita do alemão), promove, assim, a retomada crítica da versão original ao aliá-la à versão definitiva, feita na plena maturidade intelectual e pessoal do autor.
O estudo analisa a gênese da cultura capitalista moderna e sua relação com a religiosidade puritana adotada por igrejas e seitas protestantes dos séculos XVI e XVII: a partir de observações estatísticas, Weber constatou que os protestantes de sua época eram, de um modo geral, mais bem-sucedidos nos negócios do que os católicos. Os últimos ajustes ao estudo foram feitos no ano da morte do autor, quando o texto passou a fazer parte dos Ensaios reunidos de sociologia da religião.
Antônio Flávio Pierucci, professor do departamento de sociologia da USP que há doze anos se dedica ao estudo da obra de Weber, é o autor da introdução ao volume, responsável pela edição e pelo acompanhamento técnico do texto traduzido. Elaborou também um glossário, uma tábua de correspondência vocabular, uma cronologia da vida e da obra de Weber e um farto índice remissivo.