O mito de Atlas expressa o arquétipo dos líderes que medem riscos e assumem consequências do futuro, decidindo no eterno agora. Se o jovem Paul Artrides aprendeu com a mãe a controlar suas habilidades psíquicas e corporais, não está nada claro se vai compreender os mundos possíveis que vai carregar nos ombros. Cooper, o experiente astronauta-fazendeiro, decidiu enfrentar a Singularidade entregando sua sorte e a de toda a missão no Destino da humanidade. Duna e Interestelar entrelaçam decisões pessoais e o destino de líderes que assumem possibilidades e probabilidades. Na obra de Frank Herbert, o drama da ficção científica parece alcançar seu clímax no confronto entre sentenças do racionalismo Mentat e os dons e oráculos proféticos da tradição religiosa. Em a Revolta de Atlas, Dagny e John Galt se desentendem quanto a condução de seus destinos, mas estão de acordo com a estupidez crescente do Sistema, com o apoio de uma claque de idólatras. Finalmente, em Blade Runner, temos o risco calculado de “aposentar” replicantes precocemente, com ou sem consciência de seu humanismo. Transumanismo, mentalidades zumbis, controles hipercentralizados, oligarquias globais, resistências localizadas e descentralizadas, patrulhas ideológicas, dinastias heróicas; são cenários de hiper-realismo que buscam trazer para nosso eterno agora sentidos de “eu” nos mundos possíveis de Leibniz.