A Fuga não é apenas o relato de um rapaz que, já apenado pela “Justiça injusta brasileira”, decidiu se juntar aos presos políticos. É, também, o relato de um nacionalista rebelde que lutou contra a ditadura e o sistema prisional. Nas entrelinhas, o autor nos mostra o drama que os brasileiros conscientes viveram durante o delírio militarista. Apesar de estar próximo de sua libertação, André participou, com outros nove detentos, em 1969, de uma fuga cinematográfica da penitenciária Lemos Brito, no Complexo da Frei Caneca. A escapada foi para participar da luta armada de forma efetiva e a expropriação de um banco foi o primeiro e único ato político de André, preso dois meses após a escapada. Nova prisão, outras histórias e, assim, André permaneceu 21 anos preso, sendo libertado somente em 1979, após o término de sua pena. Foi um dos detentos com mais tempo de reclusão no Brasil. Esteve na temível Ilha Grande (Instituto Penal Cândido Mendes) e viu seus companheiros serem espancados até a morte - ele próprio quase morre durante uma sessão de socos, pontapés e pauladas. Mesmo assim, sempre teve forças para promover festivais de literatura e música entre os detentos e lutar pelos direitos dos presos – conseguindo, através de visitantes dos presídios, chamar a atenção da Imprensa e obter o apoio de diversos artistas citados no livro como Lucélia Santos e Angela Leal. Foi também companheiro de cela de personagens díspares – de Nelsinho Rodrigues a Lucio Flavio. Prefácio de José Loureiro, escritor e roteirista.