Imagine uma obra que começa com uma linguagem barroca, continua com um texto romântico, avança para um relato realista, depois naturalista, chegando por fim aos estilos moderno e pós-moderno. Pois essa foi a estratégia adotada pela autora Lia Neiva para apresentar aos jovens leitores as diferenças das linguagens literárias sem abrir mão do prazer da leitura.
Como os movimentos são apresentados em ordem cronológica, o livro começa com uma troca de cartas recheadas de metáforas e jogos de palavras, características do barroco. O capítulo seguinte, dedicado ao romantismo, apresenta um herói angustiado e sem sintonia com o mundo que o cerca, mas na parte que aborda o realismo o relato passa a ter o distanciamento narrativo que marca esse estilo literário. E assim até o final da trama...
A obra instiga a leitura ao apresentar um mistério, desvendado aos poucos conforme a trama avança. Ao conhecer melhor os personagens e seus respectivos pontos de vista, o leitor mergulha nos desdobramentos de um assassinato, ao mesmo tempo em que passeia por um texto engenhosamente construído, que fisga a atenção para as características das diferentes escolas.
A carioca Lia Neiva estudou filosofia na PUC do Rio de Janeiro. Contadora de histórias é autora de diversos livros para crianças e jovens, entre eles O circo do Jiló, publicado pela Editora Globo.