As formas de manifestação das ações coletivas se caracterizam pela diversidade de modalidades. Este livro se concentra no exame das formas organizativas que resultam da agricultura camponesa: associações comunitárias rurais, cooperativas de agricultores e sindicatos de trabalhadores rurais. Essas organizações sociais elaboram políticas, executam projetos e empreendem uma série de ações conjuntas, formando redes de cooperação. Em seu processo de formação e operação, elas desenvolvem diversificadas estratégias-rede, cujo comportamento espacial informa a construção de práticas escalares e o acionamento da territorialidade como recurso para viabilizar a organização política e produtiva. Nesse sentido, algumas indagações mobilizaram este estudo: (i) Qual a natureza das estratégias-rede formadas por essas organizações sociais (ii) Quais são os conteúdos e os significados das estratégias socioespaciais desenvolvidas por elas, conformando política de escalas (iii) Quais são as relações de apropriação material e/ou simbólica estabelecidas com o espaço, permitindo pensar na construção de territorialidades (iv) Como a territorialidade é acionada como um componente das estratégias socioespaciais e que papel desempenha na conformação dessas redes de organizações sociais Importante reconhecer que as ações coletivas se constituem em objeto tradicional de estudo das ciências sociais, que conta com um denso e robusto repertório de teorias. Todavia, a Geografia tem incorporado crescentemente o fenômeno a sua agenda de pesquisa e reflexão. Este é um caminho também percorrido por esta obra, que se ocupa da leitura da geograficidade das ações coletivas, cuja empreitada teórica e metodológica se estrutura em torno de um tripé conceitual que articula os conceitos de rede, política de escalas e territorialidade.