Toda a sutil escala de sentimentos e emoções, do júbilo à angústia, do amor ao ódio, pode ser encontrada em nossa experiência política e, da mesma forma, todas as intensidades do desejo, da exaltação à indiferença. […] Os meios de persuasão emocional são, em primeiro lugar, os discursos, falados ou escritos, difundidos pela mídia audiovisual, e as publicações. Comumente, é através da linguagem, das palavras e das figuras de estilo que o homem político transmite suas mensagens estimulantes, suas indignações e seus apelos de apoio. […] Percebe-se rapidamente que as mensagens, discursivas e iconográficas, não são tão arbitrárias como parecem, que elas obedecem a normas explícitas e implícitas que nos importa analisar. […] Nesse campo, as análises de Freud e os desenvolvimentos da psicanálise […] são indispensáveis. Sem esse aporte, não se poderia compreender a dimensão propriamente afetiva do político, compreender por que a simples audição de uma mensagem política, sua mera leitura provocam a zombaria, o riso ou a empatia. Não se poderia compreender por que, para além dos juízos e avaliações racionalizadas, tal mensagem e tal cartaz suscitam nossa emoção com toda a força e evidência de uma resposta íntima e aparentemente inevitável. Pierre Ansart