A linguagem se produz em interação. Toda pessoa que usa a linguagem usa-a numa determinada situação de interlocução, e usa-a para falar (ou escrever) de alguma coisa para alguém. Tem-se aí a “linguagem”, que podemos definir como linguagem do conhecimento e da apreciação de um mundo. Mas as pessoas também usam a linguagem para falar da própria linguagem, de seu funcionamento, ou seja, para falar da “gramática” que opera a produção de sentido dos textos, e nessa atividade, elas estão mergulhando no mecanismo que rege o mundo da linguagem, suas entidades, suas relações. Tem-se aí a metalinguagem, que é a linguagem do conhecimento e da apreciação da própria linguagem, a qual em si já representa o conhecimento e a apreciação do mundo. Trata-se de tarefa complexa, e é de esperar que a escola entenda que tem a obrigação de fornecer aos estudantes a oportunidade dessa extraordinária experiência de linguagem que a reflexão possibilita. Esse livro se destina aos leitores e estudiosos que se sensibilizam com a linguagem, que se tocam com o papel que ela tem na vida de cada um e de todos e que consideram importante compreender sua natureza e seu funcionamento. Tanto mais real será nossa visão do que seja o bom uso linguístico quanto mais nos conscientizarmos da multiplicidade de arranjos que a língua nos põe à disposição, exatamente com a sua “gramática.”