A Imaginação Simbólica, de 1964, é uma apologia do símbolo, figura poética e onírica que nos conduz infinitamente além do sensível, por oposição à clara demarcação de sentido dos restantes signos. Trata-se de recuperar uma forma perdida de nos relacionarmos com as imagens e as palavras, uma que nos liberta da experiência do mundo empobrecida pelo positivismo e do pensamento domesticado pela lógica e o criticismo, cingido ao conceito e ao preceito, de laços cortados com o indizível. Respondendo a uma aspiração por transcendência que hoje recrudesce, a uma ânsia por reconexão com a profundidade vital do apelo ontológico , Durand contrapõe a esta desmistificação do mundo uma remitificação alheada de sistemas religiosos, e, portanto, também de dogmas e de cisões entre fiéis e sacrílegos. Como mediação entre a sensibilidade e a transcendência, a tarefa da arte é superar a desvalorização operada pela profusão massificada de signos, o ornamentismo e o entretenimento. Comentando pensadores como Aristóteles, Descartes, Kant, Freud e Jung, Durand demonstra como, no lugar da superficialidade do signo realista e racionalista, e para lá da sua rígida circunscrição semiótica, podem haver símbolos que nutram a imaginação livre rumo a uma forma de compreensão epifânica e em comunhão.