Admirado por seu trabalho como historiador de místicos florentinos e santos pouco conhecidos, Padre Cénabre conquistou uma imaculada reputação entre o clero em Paris. No entanto, o ilustre pároco é assolado por uma grave crise interior. Graças a uma espécie de hipocrisia profissional, às vezes quase inconsciente, que o tornou tão sensível à atmosfera exterior, conseguiu esconder de si mesmo o que não era capaz de admitir desde os tempos do seminário: sua fé desvaneceu — ou melhor, nunca existiu. Numa tranquila noite de verão, toma conhecimento da própria impostura: é como se jamais tivesse vivido, como se o lugar deixado vazio por Deus fosse preenchido pelo Inimigo…
Publicado em 1927 e segundo romance do autor, A impostura não é apenas a descrição da luta espiritual de um homem desesperado, mas também, em alguma medida, a história da crise espiritual de uma inteira sociedade que perdeu (ou nunca conheceu?) a própria fé. Em nova tradução para o português, o leitor terá contato com o grande narrador das “trevas” da fé, um dos poucos capazes de descrever a difícil experiência de alguém que, descrente de tudo, busca responder: como podemos viver com este horrível segredo agora revelado, sem nos abandonarmos ao desespero?