É com esse alerta que o inglês Paul Hoffman começa A Mão Esquerda de Deus, um livro sombrio e cheio de mistério. Estreia do autor no romance aventura, a obra vem sendo divulgada no exterior como um novo Harry Potter, muito embora o autor não recorra a elementos sobrenaturais nem raças não-humanas em sua narrativa. O cenário da trama é desolador. Habitado por meninos que foram levados para lá muito novos e geralmente contra a sua vontade, o Santuário dos Redentores é uma mistura de prisão, monastério e campo de treinamento militar. Lá, esses milhares de garotos são submetidos a uma sádica preparação para lutar contra hereges que vivem nas redondezas. A intenção dos Lordes Opressores, os monges que protegem o lugar, é fortalecer os internos tanto física quanto emocionalmente, preparando-os para uma monstruosa guerra entre o bem e o mal. Entre os jovens está Thomas Cale. Não se sabe ao certo se ele tem 14 ou 15 anos ou como foi parar ali. O que se sabe é que Thomas tem uma capacidade incomum de matar pessoas e organizar estratégias de combate. Essas poderosas habilidades serão colocadas à prova quando ele e dois amigos testemunham um brutal assassinato entre os corredores labirínticos da prisão. A visão do crime dá início a uma perseguição desesperadora e, finalmente fora dos muros do monastério, Cale irá compreender a extensão da crueldade dos lordes e a verdadeira origem de seu poder. A Mão Esquerda de Deus não é um livro particularmente escrito para o público jovem, segundo acredita Paul Hoffman. "Fiquei surpreso ao ver que o livro foi tão bem recebido por essa faixa etária. Não esperava que uma história com tanto sofrimento e crueldade fosse agradar tanto aos jovens, não escrevi pensando exatamente neles. Minha ideia era desenvolver uma trama onde eu pudesse reviver e reinventar aspectos da minha infância. Queria ter a liberdade para amplificar as minhas sensações sobre esse período 40 anos depois de tê-lo vivido e foi bem divertido". Sucesso de público e vendas na Inglaterra, A Mão Esquerda de Deus resgata a atmosfera de clássicos como O Nome de Rosa, de Umberto Eco e O Senhor dos Anéis, de Tolkien, misturando elementos de história medieval com um ritmo ágil e contemporâneo. "Embora estejamos falando de um lugar que não existe, o Santuário dos Redentores facilmente se identifica com o cenário de miséria e dissolução existencial que presenciamos no mundo real. É uma história que pode se passar em qualquer lugar do mundo, em qualquer época e que mostra reações humanas inexoráveis", explica Paul Hoffman.