Bernardo Joaquim da Silva Guimarães ( 1825-1884) nasceu em Ouro Preto estudou em seminário e aos vinte e dois anos estava na Faculdade de Direito de São Paulo terminou o curso em 1852 e colaborou em prosa e verso nas publicações da época. Temperamento alegre com uma tendência irônica que não era usada só na literatura mas na vida também há nos seus romances um componente naturalista esbatendo os exageros sentimentais do romantismo e opondo ao idealismo hipertrófico deste um bom-senso e uma sensualidade mais efetiva e realista. Afirmadas em tantos trabalhos persistem sempre as qualidades de Bernardo Guimarães. Em primeiro lugar o vivo amor a natureza brasileira o dom de evocá-la de lhe interpretar a suavidade e a excelsitude. De quase todas as páginas evola-se o perfume das florestas virgens com os pios ásperos ou brandos de aves ariscas. De súbito desvenda-se imenso panorama impreciso misterioso e soberbo. A par desse amor e dessa evocação conhecimento de costumes das tradições das particularidades natais. Sente-se que conversou afetuosamente sobre assuntos antigos viajou conviveu com os moradores tropeiros e garimpeiros apresentando-lhes sobre a linguagem o modo especial do pensar e do sentir. Daí a apresentação de tipos inconfundíveis substancialmente nacionais que perambulam nos volumes. Merecendo lugar ao lado dos poetas populares contadores de histórias que possuindo uma técnica tradicional ficam entre o folclore e a chamada literatura culta. Brasileiríssimos portanto. Vem daí certamente o prestígio popular de Bernardo Guimarães há quase cem anos. O povo reconhece e preserva para a imortalidade os que com ele se identificam.