Uma história das instituições monetárias do Brasil, um retrospecto de nossos excessos - cujas expressões mais flagrantes são os zeros na moeda
Em 1933, na maior parte do mundo, o dinheiro perdeu seus vínculos com a natureza, e de moedas de ouro, prata e outros metais tornou-se apenas uma convenção social: uma criatura da lei. Desde então a humanidade busca controlar os poderes que essa inovação liberou.
A experiência monetária brasileira pode não ter paralelo no mundo, seja pelo difícil relacionamento de nossa moeda com as de outros países, pelo tumultuado processo de constituição de um banco central com plenas funções ou ainda pela longa, intensa e complexa convivência com a inflação. Tudo é superlativo nesse trajeto, em que o Brasil teve oito padrões monetários, cinco congelamentos, confiscos pequenos e grandes, crises sem limite, euforias idem e batalhas épicas para ordenar a moeda nacional e evitar abusos fiscais e financeiros, bem como para estabilizar o seu poder de compra.
Gustavo Franco, um dos mentores do Plano Real e ex-presidente do Banco Central, tem grande autoridade para contar essa história. Ele analisa, em nove capítulos, a experiência inflacionária; a lei monetária; os mistérios da regulamentação do câmbio; os processos de criação e captura do Banco Central; a produção da hiperinflação; os planos econômicos heterodoxos; o Plano Real; a evolução institucional cumulativa; e o problema da taxa de juros. Todos acontecimentos de grande atualidade, pois as dúvidas que governam essa história continuam muito vivas. Como se estivéssemos presos há décadas em um mesmo enredo, às vésperas de uma fórmula ideal que parece estar logo ali, mas nunca chega...