“A morte do príncipe” é um texto corajoso, sincero e íntimo. Em cada linha somos imersos nas sensações e nos pensamentos de um jovem que, embora já tenha tido um longo e sólido relacionamento e pareça o senhor das suas relações afetivas, vê-se absorto diante do acontecimento de uma nova paixão. Com uma linguagem fluida e períodos curtos, Tiago nos faz acessar uma mente frenética, desconsertada pelas emoções desse breve, mas intenso encontro amoroso. A gente se identifica, se surpreende, ri e se emociona. Ficamos intrigados com a dissolução dos limites entre a ficção e a realidade, pois o romance, em primeira pessoa, de fato traz a voz, os acontecimentos e os cenários da vida do Tiago. Sem amarras e sem orgulho, o autor-personagem compartilha sua intimidade, nos deixa ver o homem que, para além de estar apaixonado, reflete sobre a própria vida, sobre suas escolhas, sobre seus desejos. Em seu primeiro romance, Tiago não rompe apenas com os limites que geralmente colocamos diante do outro, ele rompe também com a rigidez dos padrões estéticos e literários. Seu texto é uma prosa poética (ou uma poesia em prosa?), metáforas inusitadas e sofisticadas se misturam com o tom coloquial do dia a dia, a intertextualidade que convoca Drummond também coloca o amor nos termos de um contrato jurídico. É um romance irreverente; a história de um homem apaixonado que quer muito mais, não apenas de um romance, mas da vida. Manuella Felicíssimo, Doutora em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).