Por que será que, à medida mesma que se aprofundava a apostasia das nações – a partir do século XIV –, veio aumentando o interesse não só do católico comum, mas dos teólogos da Igreja por Maria e suas perfeições? Pela mesma razão por que, à medida que se aprofundava essa mesma apostasia, Deus nos formou cada vez mais Santos marianos e nos enviou cada vez mais sua mesma Mãe em aparições sublimes: ou seja, em meio do progressivo avanço do mal, a consolação dos eleitos prometida no Novo Testamento, em particular no Apocalipse. Deus não abandona os seus, e por isso lhes dá um Coração materno que medeia todas as graças. E por isso pôde dizer São João Eudes: “Amemos a Jesus com o coração de Maria. E a Maria com o coração de Jesus. E não tenhamos senão um só coração e um só amor com Jesus e Maria”. Naturalmente, Maria desde sempre foi sumamente amada e venerada pelos cristãos. Como dizia Santo Tomás de Aquino na Suma Teológica, “Maria tem de certo modo uma dignidade infinita”. Mas há que convir que, conquanto as perfeições de Nossa Senhora estivessem virtualmente nas Escrituras mesmas, e conquanto a Tradição da Igreja já assinalasse de algum modo mais crescentemente tais perfeições, o fato é que foi sobretudo nos três últimos séculos que a Sacra Teologia se veio firmando quanto a elas – e que o magistério da Igreja as definiu mais claramente, sobretudo de modo extraordinário infalível, mas também de modo ordinário.