Imagine a seguinte cena: uma mulher é presa em flagrante envolvida com o tráfico de drogas. Será que o fato de ser mulher pode aumentar ou diminuir a chance de ser processada, sentenciada e condenada como traficante de drogas? Será que o fato de um suspeito ser homem ou mulher, muda a forma como é visto e tratado por policiais, promotores, defensores e juízes? A hipótese desenvolvida durante a pesquisa de doutorado realizada Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFMG e orientada pela Professora Dra. Corinne Davis Rodrigues, que deu origem a este livro foi de que sim: a depender da fase processual e do sexo do suspeito, a pessoa que passa pelo Sistema de Justiça recebe um tratamento desigual. Ao longo do livro, realizou-se um percurso teórico para a construção das lentes necessárias para a compreensão das questões e de como a igualdade no tratamento de todos os indivíduos pelo Estado, impacta a qualidade da democracia. A partir da análise de dados empíricos, testes estatísticos das hipóteses e da realização de entrevistas com operadores do sistema de justiça, observou-se que a variável gênero pode impactar de forma diferente cada fase do processo. Foram quatro anos de pesquisa, muitos dados analisados e reflexões que agora compartilhamos com você, leitor, que se preocupa com conhecer a distribuição de justiça segundo o gênero.
(Texto de apresentação adaptado de episódio do Programa Aqui tem Ciência, promovido pela Rádio UFMG Educativa, Coordenado pela Jornalista Paula Alkimin e editado e aprsentado pela jornalista Alicianne Gonçalves).