O presente livro teve como objetivo geral analisar a organização e a atividade comercial da firma britânica Edward Johnston & Co. no Rio de Janeiro do período c.1842 a c.1852. Pretende também analisar a questão mais geral presente na historiografia brasileira da preeminência britânica no Brasil oitocentista, como também da relação de dependência e subordinação da economia brasileira e economia-mundo sob hegemonia britânica. O estudo de caso da firma inglesa, um estudo que conjuga a História Econômica e a Business History, não consiste num estudo de caso em si mesmo, mas parte de uma totalidade. Como ressaltou Marc Bloch, “Nada há mais legítimo, nem, frequentemente, de mais salutar, que centrar o estudo de uma sociedade, num dos seus aspectos particulares, ou, melhor ainda, num dos problemas precisos que este ou aquele desses aspectos suscita: crenças, economia, estruturas das classes ou dos grupos, crises políticas. . . Em resultado dessa escolha reflectida, os
problemas não ficarão apenas, em geral, formulados com maior firmeza: os próprios factos de contacto e de troca ficarão realçados com maior nitidez. Sob a condição, simplesmente de que queremos descobri-los”.
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Um bom livro é aquele que se abre com esperança e se fecha com proveito.
— Amos Bronson Alcott (1799-1888)
Livros em geral refletem a trajetória acadêmica de seus autores. E uns poucos dentre esses constituem um avanço importante numa determinada área de conhecimento. E a contribuição torna-se ainda mais notável quando se trata de explorar um campo em geral muito visitado, mas em grande medida sem fontes mais consistentes: a presença britânica no comércio de importação e exportação no Império do Brasil ao longo do século XIX. Tal é o caso da obra que agora é dada à luz. Em A presença britânica no Império do Brasil o professor Carlos Gabriel Guimarães investiga com a devida argúcia a atuação da firma britânica Edward Johnston & Co. no Rio de Janeiro na década de 1840, período de inflexão na economia brasileira, no qual, com o fim do tráfico de africanos escravizados em 1850, assiste-se ao crescimento dos investimentos na infraestrutura para atendimento das exportações brasileiras.
A sólida experiência no magistério e na pesquisa científica acumulada pelo autor é sem dúvida um aval significativo. Mas não só: o resultado desta pesquisa está firmemente alicerçado num amplo conjunto de fontes de vária natureza coletadas em instituições arquivísticas espalhadas por diferentes países, que nunca sobeja ressaltar.
Não é, portanto, a história de uma única firma, mas de um mundo novo que ao longo do século XIX passou a conectar-se cada vez mais intensamente.
— Angelo Alves Carrara (do Prefácio)
Professor titular da UFJF, Pesquisador do CNPq