Em agosto de 1519, o navegador português Fernão de Magalhães içou âncoras do porto de Sevilha, a serviço da Coroa espanhola. Tinha início a primeira viagem ao redor do mundo, que descobriria novas rotas de navegação e alteraria todos os mapas da Terra existentes até então. Ele comandava cinco navios e 237 homens. Embarcado como representante da corte de Roma na expedição espanhola, Antonio Pigafetta (1491-1534), marinheiro toscano da cidade de Vicenza, sobreviveu à terrível viagem e celebrizou-se por ter sido o cronista da grande aventura. De Sevilha cruzaram aquele que seria posteriormente batizado de Estreito de Magalhães, descobriram o maior oceano da Terra (o Pacífico), passaram pela Ásia - onde Magalhães foi tragicamente morto por nativos filipinos -, contornaram a África e então regressaram à Espanha, em setembro de 1522. A armada havia sido reduzida a um só navio, o Victoria, e dezoito homens famintos, entre eles Pigafetta. O relato da viagem por ele escrito foi publicado em Veneza, em 1536 (dois anos após sua morte), e obteve sucesso instantâneo ao contar com vigor e precisão as privações e desventuras nas quais se viu envolvida uma das mais importantes expedições de descobrimento da história.