Este livro é resultado de uma pesquisa sobre a inserção do Partido Comunista em Blumenau e a constituição de um imaginário anticomunista durante os anos de 1960 a 1964. O trabalho foi baseado na leitura e interpretação de jornais da época, depoimentos orais, processos judiciais e fotografias. A imprensa foi a principal arena de combate entre comunistas e anticomunistas para o controle do imaginário. Os jornais foram poderosos instrumentos para a mobilização de imagens, mitos e símbolos do imaginário político. A frenética campanha anticomunista levou as autoridades políticas e religiosas a tomarem medidas de apoio ao Golpe de 1964. Este episódio precipitou uma onda de intolerância política e os principais membros do Partido Comunista foram aprisionados por representarem uma suposta ameaça à segurança nacional. A cidade de Blumenau viveu este contexto de forma singular. Erigida sob a égide do capitalismo e do sucesso industrial, Blumenau e suas as autoridades viam no comunismo uma forma de desintegração da comunidade e um perigo para a mistificada harmonia de classes. A luta contra o comunismo foi empreendida por jornalistas, empresários, advogados, sacerdotes e antigos combatentes integralistas. Diversas ações também foram empreendidas para legitimar a intervenção militar no processo político, como a “Marcha da Família com Deus e pela Liberdade” e a “Campanha do Ouro para o bem do Brasil”. A produção da crença sobre o espectro do comunismo continuou após o golpe de 1964 na esfera da justiça militar, onde os oito membros do PCB de Blumenau foram indiciados, denunciados, julgados e finalmente absolvidos, já na década de 1970.