A cultura política brasileira construiu a imagem do “Gigante adormecido” e do “País do futuro”, que convivia com uma condição dependente e periférica no sistema mundial, uma economia atrasada e um complexo de inferioridade diante das “nações desenvolvidas”, que serviam de modelo. O país agrícola de dimensões continentais durante a Colônia, o Império e a República Velha do Café, transferiu seu vetor externo da Europa para os Estados Unidos, mas manteve uma acanhada diplomacia de âmbito regional. A industrialização, contudo, mudou, gradativamente, a agenda internacional do país e o alcance de sua política externa. Entre avanços concretos e projetos frustrados, finalmente na passagem do século XX ao XXI, o Brasil parece ter alcançado a posição de “potência emergente”, com uma economia em expansão e uma projeção mundial reconhecida pelas potências tradicionais.A formação social e nacional brasileira teve sua origem na expansão europeia dos séculos XV-XVI, através da “descoberta” e colonização portuguesas. Durante quase quatro séculos a inserção internacional da região processou-se através das potências europeias, inicialmente por meio do mercantilismo português e, posteriormente, via liberalismo inglês. Na passagem do século XIX para o XX, contudo, o eixo da diplomacia política e econômica do Brasil voltou-se para os Estados Unidos, limitando-se predominantemente ao âmbito hemisfério. Tal situação alterou-se a partir da Grande Depressão, com uma industrialização que gerava atritos crescentes com os EUA.Desde o início dos anos 1960, na esteira do desenvolvimento industrial, a política exterior brasileira voltou-se para a busca de novos espaços, através da mundialização e da multilateralização. Sob os efeitos da “globalização”, no final do século XX o país passou a valorizar os espaço regional latino-americano, através do Mercosul, mas sem renunciar às relações com alguns dos espaços planetários anteriormente atingidos. Finalmente, no século XXI, a projeçã