O passo. A marcha. De lance em lance, metro a metro, um dos mais polêmicos comentaristas da realidade brasileira aprendeu a medir a felicidade, o sucesso. Nas passadas incertas do primogênito Tito, que nasceu com paralisia cerebral, Diogo Mainardi conta as horas, as próprias realizações. Em A queda, conta muito mais: cada vitória do filho, cada distância percorrida antes que músculos traiçoeiros o joguem ao chão. Neste contundente livro de memórias, Mainardi se despe de todas as suas crenças e orientações — políticas ou não — para se revelar simplesmente um pai. Tão intrinsecamente apaixonado pelo próprio filho, tão em sintonia emocional com seu menino, que nos faz sentir quase voyeurs de um amor incondicional e irrevogável. Parceiros de uma história tão emocionante quanto surpreendente. Tal qual as repercussões de uma pedra atirada a um lago — ondas irradiando de um mesmo ponto —, Mainardi sempre retorna ao hospital de Veneza, onde Tito, vítima de crasso erro médico, nasceu. Num intrincado minueto com o leitor, ele retorna e avança no tempo. E constrói uma rede de coincidências que parece ter determinado o destino de Tito muito antes de seu nascimento. Com doçura e coragem, Mainardi revela, ainda, os anos de terapias bem-sucedidas ou não, detalhes do processo contra a médica e o hospital, a relação com a culpa e os culpados.