Dando continuidade a suas, entre outros estudos, fecundas meditações acerca da laicidade, do laicismo e do secularismo, Cesar Alberto Ranquetat Júnior escreveu este A Realeza de Cristo e a ideia de uma sociedade tradicional, alicerçando-se em sólidas lições do magistério eclesial e em ótima doutrina política da tradição católica da hispanidade (entre outros, a de Ayuso, Tejada, Rafael e José Miguel Gambra, Calderón Bouchet, Juan Fernando Segovia, Widow, Castellano, Sandoval, Canals, Wilhelmsem). Parece muito importar referir, à partida, que Ranquetat não se deixou iludir pelo canto de sereia do laicismo débil que - na gráfica expressão do Padre Alfredo Sáenz (La Cristiandad y su cosmovisión) - toma o cristianismo como fermento e não como credo (assim, o segundo Maritain). Não: Ranquetat diz com todas as letras que "o laicismo é uma consequência do liberalismo, do naturalismo político e do racionalismo", afirmando incisivamente: "Uma comunidade política que ignora ou é indiferente aos problemas metafísicos e que se olvida da ligação com Deus está fadada à dissolução". Cada passagem deste valioso estudo de Ranquetat mereceria -merece, a bem dizer- atenções reverenciais, quero eu apenas acrescentar uma pequena referência: nosso autor dedica interessantes indicações acerca do culto ao Sagrado Coração de Jesus. Eis exatamente o ponto: a mais principal das atividades que se espera do Estado é a do culto público a Deus. Já não se trata só de dar a Cesar o que é de Cesar, e a Deus, o que é de Deus, mas de que Cesar dê a Deus o que é de Deus, e que o culto seja agradável ao mesmo Deus, ou seja, um culto que se renda, humilde e contritamente, por Nosso Senhor Jesus Cristo e por sua e nossa Santa Mãe.Desembargador Ricardo Dip