Todas as obras que você vai ver neste livro, sem excessão, são ilustrações feitas por observação. Nasceram da tentativa de preservar, de maneira mais fiel possível, a emoção que um retrato pode ter, seja ela qual for. Alegria, tristeza, surpresa, indiferença, indignação? Elas estão espalhadas por diferentes personalidades, que foram antes captadas por um fotógrafo ou por uma fotógrafa. São inúmeros artistas que foram minhas referências da mesma forma que foram minhas inspirações. Devo a cada profissional responsável por essas fotografias, por terem me emprestado seus talentos como matéria prima desta que é certamente a minha maior vocação: desenhar. Como bem descreve Andrá Kassu, ao final, sou um garoto que cresceu observando e desenhando e, assim, aprendeu como prestar atenção ao mundo que está à sua volta. Sem desenhar, me perco. Sem uma caneta e um papel, não consigo me concentrar. Acredito que anos de desenhos em apostilas escolares me deram esta capacidade, ou seria na verdade uma limitação? Desenhar é tentar controlar a luz. Nesta técnica, é revelar o brilho através da construção de sombras. Em reuniões, preciso do desenho como alguns precisam de café. No começo, desenhava uma pessoa ao redor da mesa. Um colega. Uma amiga. Estes papéis acabavam muitas vezes nas mãos delas, com sorte, até em suas paredes.