O livro A sacralização da Arte e do artista propõe-se a desmitificar conceitos amplamente presentes no campo artístico como o de obra de arte eterna e intocável e a genialidade artística, considerada um dom inato que colocaria o artista acima dos reles mortais. Para tanto, questiona o monopólio da distinção culta e a aparência de naturalidade que a reveste por meio das seguintes questões: por que as noções de dom e talento sobrenatural são tão fortes na criação artística? Como, quando e por que o artista passou a ser encarado como um semideus? Como se deu o processo que engendrou concepções maniqueístas e elitistas da Arte? De que maneira essas visões colaboraram para que a distância entre artista, Arte e público se estabelecesse? Para isso se baseia na construção do conceito de sacralização, com referência em Bourdieu, considerado como estratégia de campo e fruto de um processo histórico-social de uma rede de relações que consagra e mistifica a obra de arte e o artista e gera sua subtração do conjunto da vida. Essa concepção sacralizadora da Arte está presente com mais força e amplitude do que se imagina, pois marca o percurso da humanidade desde a pré-história, reverberando também na prática docente. A partir dessa compreensão a prática docente é então revisitada questionando os mitos e desafios da sacralização da Arte e do artista, ao propor, com base em Bourdieu, que o fundamental em um processo de dessacralização é desenvolver o habitus da prática cultural, no qual a experiência estética é condição e produto de uma maior convivência com o mundo da Arte e, portanto, deve ser papel primordial da escola.