“A história mostra que um cristianismo que não quer mais prestar a Maria a homenagem que a Igreja lhe presta é um cristianismo mutilado. Pode parecer, por algum tempo, conservar o essencial, pois conserva o Cristo. Mas essa aparência logo se afigura ilusória. Uma vez que se recusou o que sua Mãe possui de único, o Cristo que se julga conservar não é mais que um Cristo desfigurado: Deus e a humanidade não se unem mais n’Ele”.
Entre os livros publicados em honra de Maria, este breve tratado de mariologia merece um lugar à parte por revelar-nos, a partir de diversas perspectivas, a enorme riqueza que é podermos contar com a Virgem Santíssima como nossa Advogada, e a centralidade do mistério da Encarnação na vida da Igreja. Louis Bouyer, que foi pastor luterano, examina a missão vital desempenhada por Maria no plano divino com uma abordagem verdadeiramente ecumênica: os dogmas da Igreja sobre Nossa Senhora estão todos intimamente vinculados a cada uma das partes da Revelação. Vê-se, assim, que Maria pertence à própria essência da mensagem cristã, e a exclusão de seu papel esvaziaria essa mensagem de seu significado completo: o cumprimento da promessa de Deus. Sem Maria, muito do que ambos os testamentos revelam se tornaria ininteligível no que diz respeito à feminilidade, à sexualidade, à maternidade, ao matrimônio, à virgindade, à santidade, à união de Deus com a Igreja, ao amor divino e humano, ao sacrifício e à redenção.