Diluindo o evento dentro de uma segunda "guerra de trinta anos" (1914-1945), ou como ponto alto de um "século da violência" (o século XX), a especificidade da Segunda Guerra Mundial perde seu significado histórico. Pois ela foi um evento, ou acontecimento, único, tanto pelas suas causas e contexto históricos, quanto pelo seu desenvolvimento, e pelas suas consequências. Esse é o enfoque que Osvaldo Coggiola, Professor Titular de História Contemporânea da USP, nos propõe neste trabalho de síntese. Para ele, a Segunda Guerra Mundial não foi uma simples continuação, menos ainda uma repetição da Primeira, para além de algumas semelhanças e continuidades óbvias. A Segunda Guerra não estava forçosamente inscrita nos resultados da Paz de Versalhes, que deu fim à primeira conflagração mundial. Por isso mesmo, esteve bem longe de ser um acontecimento inevitável. Ao contrário, ela reconhece causas imediatas bem específicas, tanto na política interna dos países beligerantes quanto no sistema de relações internacionais que a precedeu, marcado pela existência e sobrevivência da URSS, um fator ausente na Primeira Guerra Mundial. Que, além disso, marcaria decisivamente o próprio desfecho da guerra. O próprio expansionismo nazista não foi a continuidade linear do belicismo imperialista da Alemanha imperial e dos sonhos de seus geopolíticos. A partir dessas premissas, Coggiola desenvolve uma interpretação em que, ao lado dos tradicionais relatos militares e estratégicos, o embate social e político nacional e internacional, a situação histórica do capitalismo como um todo, ganha relevo como fatores decisivos no desencadear do conflito, nas suas características únicas (o primeiro conflito bélico da História que produziu mais vítimas civis do que militares) e no seu desfecho, que criou o mundo que sobreviveu até, pelo menos, 1991. Mais uma vez comprova-se que os acontecimentos históricos jogam nova luz sobre o passado e que a História é um permanente fazer-se e refazer-se da