Este é um livro para os amantes de estudos sobre a diversidade gestual do corpo. Mais especificamente, para aqueles que se interessam pela capacidade de artificialização que o corpo humano tem frente às condições sociais, ambientais e culturais que o atravessa. O autor parte da instigante pergunta de Baruch Spinoza – o que pode um corpo? – e traça um percurso de estudos sobre as diversas possibilidades de consti-tuição orgânica e expressiva do corpo. Os enigmáticos casos relatados no livro sobre as mutações dos corpos humanos, presentes nas histórias de Kaspar House e das meninas indianas adotadas pelos lobos ou mesmo as inusitadas técnicas de dança idealizadas pelo bailarino Nijinsky, abalam as certezas sobre a estrutura, os movimentos e os comportamentos corporais próprios da espécie humana. Questões que colocam em suspensão as verdades sobre corpos normais e patológicos, corpos aptos e inaptos para habilidades artísticas e/ou laborais. Um excelente livro para os profissionais que trabalham com o corpo, sejam eles artistas, médicos, terapeutas, educadores; pois, ao mesmo tempo em que produz indagações sobre as tradicionais concepções sobre o corpo, apresenta conceitos e relatos de experiências artísticas e terapêuticas que retratam as inúmeras possibilidades de reinvenção de corpos. Ao afirmar que o corpo apresenta uma grande capacidade de criação, o livro torna-se um potente dispositivo para o leitor desejar criar novos conceitos e sensibilidades sobre as práticas corporais. Em última instância, A selvagem dança do corpo possibilita a todos nós a capacidade de sonhar com uma existência humana que se expressa e que também se constrói por meio de um corpo intensivo, poético e plástico. Livre das tradicionais amarras científicas e ideológicas é possível construir, é possível desejar um novo corpo. Esta é a lição que o livro nos ensina. Boa leitura!! Marcia Cabral Profª. da graduação de Terapia Ocupacional da UFRJ