Biografia decifra o controvertido personagem histórico Erik Jan Hanussen, judeu que foi vidente, patrocinador, credor e vítima do círculo próximo de Hitler. Ele era uma celebridade: Erik Jan Hanussen magnetizava plateias com exibições de seus poderes mentais: lia pensamentos, fazia adivinhações, hipnotizava espectadores, previa o futuro. Lançava profecias em seu próprio jornal e dava consultas particulares para gente poderosa. Dizia coisas nas quais as pessoas acreditavam – porque queriam e precisavam acreditar em alguma coisa na Alemanha que ressurgia das cinzas da Primeira Guerra Mundial. E ele também era uma fraude: Hanussen não passava do pseudônimo de Hermann Steinschneider, artista circense judeu com talento para inventar mentiras e, sem escrúpulos, conviver com aquelas que mais lhe rendessem vantagens. Um mestre na arte de iludir os outros – e a si mesmo – que ocultou sua origem para travar relações com o então ascendente movimento nazista, patrocinou as tropas de assalto de Hitler, a temível SA, e fez de seu jornal um veículo de propaganda para o Führer. A envolvente narrativa de A sessão nazista resgata a trajetória desse polêmico personagem histórico. Amparado em ampla pesquisa, que incluiu entrevistas com a filha nonagenária de Hanussen e com mágicos e ilusionistas da atualidade, o autor Arthur J. Magida apresenta uma consistente reconstituição da vida do mentalista, cujas desventuras já haviam servido de base para as produções cinematográficas Hanussen (1988), do diretor István Szabó, exibido na Mostra Internacional de São Paulo de 2011, e Invencível (2001), de Werner Herzog. O livro se concentra principalmente nos acontecimentos do início da década de 1930, no curto período em que Hanussen se torna amigo (e credor das imensas dívidas) de uma estrela nazista em ascensão, o conde Wolf-Heinrich von Helldorf, antissemita radical que viria a ser chefe da truculenta SA, e circula pela cúpula do Partido Nacional-Socialista, chegando a fazer sessões particulares de vidência para o próprio Hitler. O trânsito livre entre os virtuais donos do poder na Alemanha infla a já enorme autoconfiança de Hanussen, levando o chamado "maior oráculo da Europa desde Nostradamus" a um destino que ele mesmo se mostra incapaz de prever.