Estabelecendo um diálogo com o homem comum do passado, a Escola dos Anais busca desvendar seus sentimentos e idéias para melhor compreender seus meios de existência. A tradução direta do russo possibilita a difusão do trabalho do medievalista Aaron Guriêvitch, que avalia a Nova História, sem perder de vista seus problemas, contribuições e a crítica acerca da abordagem de alguns de seus principais historiadores. A Escola dos Anais é hoje uma referência obrigatória na historiosofia e historiografia do século XX e de seus desdobramentos mais recentes, como é o caso da História sob o prisma das mentalidades. E neste contexto, A Síntese Histórica e a Escola dos Anais , de Aaron Guriêvitch, é uma das abordagens críticas mais abrangentes e profundas do significado, do aporte, e do alcance deste grupo de historiadores e da integradora visão socioantropológica que deu a conhecer, em sínteses reveladoras, qual uma espécie de filme, o espetáculo da História e de sua ação como acontecimento de realidade. Surgida nas décadas de 1920-30, a Escola dos Anais alcançou sua maior repercussão após a Segunda Guerra Mundial, período ao qual o autor é contemporâneo, pois nasceu em Moscou, em 1926. Também conhecida como a da Nova História, esta proposta tem por desígnio conjugar as ciências humanas e o seu principal fio condutor, o homo social, procurando estabelecer um diálogo com o homem comum do passado, a fim de obter acesso aos sentimentos e idéias que foram determinantes na condução de suas formas e meios de existência. Engajado nos estudos medievalistas, Guriêvitch utiliza este viés para explorar a interdisciplinaridade como plataforma capaz de proporcionar os elementos necessários a um salto na profundeza da História e de desvendar algumas de suas intercorrências mais complexas e orgânicas. Retraçando o movimento desencadeado pela Escola dos Anais e seu processo de desenvolvimento, bem como as qualidades de seus historiadores e como eles procuraram resolver seus problemas, o autor empreende uma reflexão exaustiva sobre o modo como essa corrente de pensamento, surgida na França, pôde vir a fertilizar a investigação histórica dos mais variados povos e culturas. Traduzida diretamente do russo por Paulo Bezerra, esta obra constitui uma valiosa contribuição à discussão desse temário científico pela universidade e pelos interessados, ampliando o leque dos descortinos teóricos nos domínios da especulação sobre as feições das sociedades e do homem nos tempos da História.