"A sociedade da Prevenção" praticamente já nasceu um clássico. Da mesma maneira, uma autora imprescindível para os estudos em criminologia como a Tamar Pitch não deveria demorar tanto para ser apresentada ao público de língua portu - guesa. Honra muito à Série Ciências Criminais ser o espaço de sua primeira obra traduzida neste teor para o nosso idioma. Desde 2006, quando da publicação original em italiano ? depois sendo editada em espanhol ("La Sociedad de la prevención", Ad Hoc 2009) e logo em inglês ("Pervasive Prevention: a feminist reading of the rising of the security society", Ashgate 2010) ? este livro tornou-se uma referência nos estudos sobre o controle social, para além dos tons tradicio - nais que acompanham a matéria em certos esforços criminológicos. A antecipa - ção de várias montagens transformadoras de nossas sociedades, principalmente obsecadas e centradas na prevenção, bem como o delineamento de suas lógicas autodestrutivas, trazem a este escrito da Tamar uma agudeza cáustica própria daqueles pensadores que não suportam os gerencialismos acadêmicos e o oxí - moro das críticas conciliatórias. Sua ferramenta primordial de análise passa sem dúvida pela feminilização do controle social. Olhar, efetivamente, desde "corpos que importam", como forças de resistência, sobretudo num espaço hostil confi - gurado pelas nossas cidades. Corpos dissidentes afinal são forças criadoras na busca por transformar as relações de poder, forçar com que elas mudem. Exis - tências que com a experimentação de vida política dão forma a algo realmente novo ? "heterotopias" ? que Tamar Pitch saberá tão bem convidar.